quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Crítica: Negócio das Arábias (A Hologram for the King, 2016)

Um filme estranho. E isso é um elogio.

por Fernando Labanca

Ao longo de seus minutos fiquei constantemente me perguntando sobre o que exatamente era o filme. Uma comédia, talvez...depende de seu humor. Um drama motivacional? Talvez. Depende muito do momento em que vive a pessoa que assiste. Sim, porque no fundo, "A Hologram for the King" pode significar algo diferente para cada um. Resolvi não encaixá-lo em algum gênero ou criar qualquer tipo de expectativa, logo que seu início deixa claro que não possui muitas pretensões. Refletindo sobre tudo isso e somando ao fato sua lentidão, cheguei a conclusão de que é muito fácil detestá-lo. E respeito e entendo aqueles que o odiarem. Por alguma razão que não sei muito bem, porém, me senti estranhamente atraído pela obra, por sua calmaria, por sua atmosfera. Existe algo sendo dito ali e não são com palavras fáceis.


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Crítica: 99 Casas (99 Homes, 2014)

Quanto vale o seu sucesso?

por Fernando Labanca

Inspirado em eventos reais, "99 Casas" retoma a crise econômica que ocorreu em 2008 nos Estados Unidos e como o colapso nos bancos afetou o mercado imobiliário. Na trama, Rick Carver (Michael Shannon) é um corretor de imóveis, que dono de seu próprio e promissor negócio, encontrou algumas saídas para lucrar na crise e sobreviver no mundo capitalista (nem que para isso ele precise forjar alguns documentos). Sangue frio, ele não se afeta em ver famílias sendo despejadas de suas residências e é desta forma que seu destino cruza com o do jovem Dennis Nash (Andrew Garfield). Pai solteiro, ele também divide a casa com sua mãe (Laura Dern) e devido algumas dívidas, todos são obrigados e se retirar do lugar que viveram durante anos. Sem salário fixo e sem perspectivas para o futuro, Dennis acaba aceitando uma oferta tentadora de trabalho, vinda do próprio Rick Carver, o homem que lhe tirou tudo.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Crítica: O Diário de uma Adolescente (The Diary of a Teenage Girl, 2015)

Baseado no livro de Phoebe Gloeckner, "O Diário de uma Adolescente" narra a descoberta de novos desejos de uma jovem enquanto se envolve com o namorado da própria mãe.

por Fernando Labanca

Apesar da vibe indie e descolada, "The Diary of a Teenage Girl" não é de fácil digestão e muito menos de fáceis conclusões. O longa nos coloca na década de 70 e revela uma fase de descobertas para a jovem Minnie Goetze (Bel Powley), narrando sua primeira relação sexual e como aquilo definiu seus próximos passos, como aquilo a transformou em outra pessoa. Poderia até ser um evento comum, como na vida de qualquer garota se não fosse seus complicados laços familiares. Uma mãe distante (Kristen Wiig) que vive em um universo próprio e que abriga em sua casa Monroe (Alexander Skarsgard), um namorado abusivo, com quem Minnie se envolve sexualmente. É naquele homem mais velho que ela acaba encontrando paixão e um corpo que negue suas tantas neuras e inseguranças.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Crítica: Julieta (2016)

Retorno de Almodóvar aos dramas, "Julieta" foi o selecionado para representar a Espanha na disputa pela indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, além de ter sido indicado à Palma de Ouro no último Festival de Cannes. 

por Fernando Labanca

Baseado em contos de Alice Munro, é curioso notar que mesmo se apropriando de um material que não é seu, Pedro Almodóvar entrega a obra sua identidade, dialogando muito bem com sua filmografia. Da excelente condução do roteiro aos exageros visuais, com suas cores marcantes e texturas, o diretor faz de "Julieta" um trabalho seu, que pode até não figurar entre seus melhores, mas que o reergue novamente após o fiasco de "Amantes Passageiros" (2013). Um filme bem escrito, provocante e envolvente, que coloca, mais uma vez a mulher e todos os seus desejos e traumas como protagonista.

Conhecemos Julieta, uma mulher amargurada, que decide não seguir adiante com sua vida enquanto não resolver uma grande pendência de seu passado. Ao descobrir que sua filha, no qual não se comunica por longos anos, foi vista em Madrid, ela abandona tudo pela remota possibilidade de reencontrá-la. A partir deste instante, o filme busca nas lembranças desta mulher os eventos que as separaram, as razões por esta constante distância.


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Crítica: O Homem nas Trevas (Don't Breathe, 2016)

Até pouco tempo atrás era raro poder ir ao cinema e se deparar com um filme de terror bom. Felizmente, este cenário tem mudado e obras como "O Homem nas Trevas" prova o quanto ainda há a ser explorado no gênero e prova que existe um novo cara em cena, corajoso e talentoso o suficiente para recriar as fórmulas, Fede Alvarez. 

por Fernando Labanca

Já podemos afirmar que 2016 foi o ano do terror ou ano em que ele renasceu. Foi uma onda inciada ano passado, quando "Corrente do Mal", com baixo orçamento, conseguiu trazer um novo fôlego, uma nova saída para o gênero. "A Bruxa", que ainda conquistou prêmios importantes, mostrou que existe cinema e existe arte quando bem realizado. "Invocação do Mal 2" e "Rua Cloverfield, 10" quebraram a sina das continuações ruins e entregaram filmes de grande qualidade. "O Homem nas Trevas" entra para este seleto grupo, com baixo orçamento, sem pretensões, que faz sucesso pelo boca-a-boca e nem tanto por uma boa campanha de marketing. Fede Alvarez, diretor uruguaiano, que apadrinhado pelo mestre Sam Raimi - que aqui produz -, retorna depois do bem sucedido remake de "A Morte do Demônio" (2013) e consegue trazer um produto ainda melhor, mais refinado e ainda mais poderoso, mais marcante. Temos aqui uma aula de cinema em uma das obras mais surpreendentes do ano. 


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

25 filmes recentes que mudarão seu olhar sobre o cinema nacional


Não é de hoje que o cinema nacional sofre um certo preconceito. Em várias rodinhas de conversas sempre ouviremos falas como "filme brasileiro só tem nudez e violência" e sempre há aquele com um discurso pronto sobre como a produção realizada aqui é pobre, jamais podendo ser comparada com as feitas lá fora.

O que acontece, também, é que filmes nacionais são mal distribuídos aqui dentro. Se chegam aos cinemas, por milagre, são mal divulgados e ficam por poucas semanas. A concorrência externa é forte e nunca haverá o devido e merecido espaço para nossas produções. A verdade é que existem muitos filmes brasileiros bons, mas infelizmente são de difícil acesso. Faço esta lista, então, para relembrar o que vi de relevante nesses "últimos anos" (desde 2010, para ser mais exato!) e que merece ser descoberto e mais do que isso, filmes que poderão mudar este olhar tão preconceituoso quanto ao nosso (brilhante e poético) cinema. Tentei evitar colocar obras como "Tropa de Elite" - que é fantástico, aliás - para dar espaço a títulos poucas vezes valorizados. "O Som ao Redor" também não se encontra e assim como qualquer lista...muitas obras interessantes ficaram de fora! E vale dizer, também, ainda não tive a oportunidade de assistir "Aquarius", no qual todos estão elogiando bastante. 

por Fernando Labanca


segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Crítica: Além da Linha Vermelha (The Thin Red Line, 1998)

O estonteante cinema de Terrence Malick em em uma das obras mais incríveis sobre a Segunda Guerra Mundial.

por Fernando Labanca

Fato é que Terrence é um dos maiores diretores ainda em atividade e sua trajetória no cinema é uma das mais admiráveis. Responsável pelo clássico e belíssimo "Days of Heaven" de 1978, o cineasta só retornou após um longo hiato de vinte anos com outra obra-prima, "Além da Linha Vermelha". Adaptação do livro de James Jones, o filme, assim como todos os projetos do diretor, passou por um longo processo de pós-produção, sendo que o primeiro corte alcançou 5 horas. Para ser lançado, no entanto, a edição final fez com que vários atores conhecidos fossem meramente descartados como Billy Bob Thornton e Gary Oldman e outros como Adrien Brody, que era um dos protagonistas da história e acabou quase que sem falas. A obra venceu o Urso de Ouro no Festival de Berlim e foi indicada à 7 Oscars, concorrendo inclusive como Melhor Filme e Melhor Diretor.


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Crítica: Águas Rasas (The Shallows, 2016)

O diretor espanhol Jaume Collet-Serra tem chamado a atenção de Hollywood desde que surpreendeu no excelente "A Órfã" (2009). Nos anos seguintes, se dedicou a alguns filmes de ação ao lado de Liam Neeson, como "Sem Escalas" (2014). "Águas Rasas", seu novo longa-metragem, que fez um inesperado sucesso lá fora, vem para mostrar um outro lado do cineasta e provar, finalmente, que ele é dono de um talento notável.

por Fernando Labanca

Na década de 70, Steven Spielberg deu origem, com seu clássico "Tubarão", uma espécie de subgênero dentro do terror. Jovens indefesos que se tornam presas fáceis para o grande predador, que conquistou fama de vilão na tela grande. "Águas Rasas" toma um pouco dessa fonte, construindo além de um thriller em alto mar, um drama envolvente sobre sobrevivência. Neste sentido, o longa nos remete à obras como o ótimo "127 Horas", onde um único protagonista precisa encontrar maneiras de escapar da morte. Na trama, Nancy (Blake Lively), uma surfista do Texas, que após desistir de seu curso de Medicina, viaja até uma praia paradisíaca e isolada em uma espécie de culto à sua mãe, que lhe concebeu naquele mesmo lugar e que faleceu devido uma doença grave. Após tomar uma certa distância no mar, ela percebe que não está sozinha, sendo atacada e cercada por um faminto tubarão.


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