terça-feira, 2 de junho de 2015

Crítica: Para Sempre Alice (Still Alice, 2014)

Baseado no livro escrito pela neurocientista Lisa Genova e Vencedor do Oscar 2015 de Melhor Atriz para Julianne Moore, "Para Sempre Alice" narra, de forma bastante realista, a luta diária de uma professora afetada pelo mal de Alzheimer.

por Fernando Labanca

Alice é uma talentosa e renomada professora de linguística, divide seu tempo entre o trabalho e os afazeres de casa, tentando sempre dar atenção a seu marido (Alec Baldwin) e seus três filhos, Anna (Kate Bosworth), Lydia (Kristen Stewart) e Tom (Hunter Parrish). A família, porém, é desestabilizada com o recente diagnóstico de Alice, que sofre, precocemente, pelo mal de Alzheimer. É então, que aos poucos, ela vai perdendo, cada dia mais, um pouco de si, são palavras que somem, nomes e costumes que se apagam, perdendo sua memória, e como consequência, sua própria identidade.

É um caminho bastante doloroso, este vivido por Alice, vendo sua própria vida ser apagada diante de si. A vergonha que tem perante os outros, o medo que sente por não ser mais a mesma com sua família e com aqueles que tanto ama e a força que demonstra ao tentar viver cada dia como se fosse o último. É sufocante assistir essa triste transição da personagem e o filme acerta e muito ao mostrar isso tão de perto, de forma tão honesta. São pequenos instantes, como Alice esquecendo onde deixou seu celular ou como quando passa a anotar coisas banais de seu dia-a-dia. É através desses pequenos detalhes que o tornam um projeto tão verdadeiro.


Por outro lado, o longa peca pelo seu didatismo, é tudo muito bem explicado e tudo está em seu devido lugar. Vemos aqui, um bom filme, correto em muitos sentidos, no entanto, é inofensivo demais para uma história, que nitidamente, necessitava mais, perdendo, assim, seu real potencial para emocionar. Se mostra ainda mais limitado quando não consegue oferecer nada além daquilo que já havia oferecido no trailer, que é basicamente um resumo do que acontece em seus minutos, e é frustrante quando nos damos conta disso. Também possui um formato muito convencional, se mantêm, a todo tempo, numa constante zona de conforto, não arrisca, não há sequer, um grande momento para ser lembrado. É uma obra que, infelizmente, deposita toda sua força na atuação de Julianne Moore, deixando a sensação de que se fosse outra atriz no papel, "Para Sempre Alice", provavelmente, teria sido simplesmente ignorado. O roteiro, aliás, peca ao focar somente na protagonista, esquecendo, por exemplo, dos membros da família, nunca deixando claro o quanto sua doença afeta aos demais, seria interessante discutir o papel do marido numa situação como esta, ao invés disso, transformam Alec Baldwin numa verdadeira incógnita. Apesar do ótimo desempenho de Kate Bosworth, a única coadjuvante de destaque, surpreendentemente, é Kristen Stewart, que entrega, na cena final, o melhor e o mais intenso momento do filme. Entretanto, devo dizer, o elenco é muito bem integrado e os bons diálogos tornam suas relações bem convincentes.

Resumindo, "Para Sempre Alice" é Julianne Moore. De longe, não é seu melhor filme e é impossível dizer que este é seu melhor momento como atriz, não porque não seja um grande momento, mas porque estamos falando de uma atriz que já fez muito pelo cinema, que já fez de tudo e já provou inúmeras vezes o quanto ela é incrível. É chocante sua entrega como Alice, o modo como expõe essa vulnerabilidade e essa transformação tão drástica e tão delicada. É, definitivamente, uma atuação irretocável. Por isso digo, o filme vale por ela, somente por ela. 

NOTA: 7







País de origem: EUA
Duração: 101 minutos
Distribuidor: Diamond Films
Elenco: Julianne Moore, Alec Baldwin, Kristen Stewart, Kate Bosworth, Hunter Parrish
Diretor: Richard Glatzer, Wash Westmoreland
Roteiro: Richard Glatzer, Wash Westmoreland


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