quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Especial - Os Melhores Filmes de 2014


Lá se foi 2014 e como de costume, aqui no blog, venho escrever o post especial "Os Melhores Filmes do Ano". Claro que teve ótimas obras que ficaram de fora, mas eliminando um e outro, consegui fechar o TOP 20 e espero que gostem, mas também, deixo espaço para comentarem sobre o que acharam e sobre aqueles que ficaram de fora! Resumindo, 2014 teve seus altos e baixos, enquanto vimos sequências, reboots e remakes desnecessários, o ano também nos ofereceu obras marcantes, algumas até, com peso histórico.


por Fernando Labanca

Houve, infelizmente, uma sequência de filmes esquecíveis, que não lembramos segundos depois que terminaram, de "Frankenstein" à "Tartarugas Ninjas", teve ainda 2 "Hércules" (?) e "Drácula" prometendo contar o início da história que ninguém sabia. Ok. Entre os blockbusters, finalmente vimos o final da tão esperada e decepcionante trilogia "O Hobbit", teve o razoável "Malévola", as sequências que ninguém aguardava como "Transformers 4". "O Espetacular Homem-Aranha 2", "Sin City: A Dama Fatal" e "300: A Ascenção do Império", além de "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte I", que por fim, decepcionou também. Quem também retornou este ano foi "Godzilla", que não empolgou tanto quanto prometia e "Robocop" que surpreendeu na direção do brasileiro José Padilha. Tivemos ainda outras surpresas com os empolgantes "Divergente" e "Maze Runner". No universo dos heróis, a Marvel se superou e, finalmente, acertou a mão em "Capitão América: Soldado Invernal".

Como todo ano, não podemos deixar de citar o Oscar, que sempre acaba revelando ótimas produções, dentre elas, os marcantes "12 Anos de Escravidão" e "Clube de Compras Dallas", e os decepcionantes "Trapaça" e "Philomena". 2014 também teve o retorno de grandes diretores como David Fincher com o surpreendente "Garota Exemplar". Darren Aronofsky e Ridley Scott se renderam às histórias bíblicas com o bom "Noé" e o fraco "Exodo: Deuses e Reis". Teve, claro, Woody Allen e o delicioso "Magia ao Luar" e o sempre polêmico Lars Von Trier no superestimadíssimo "Ninfomaníaca: Parte I e II".

Ignorando todas as comédias da Globo Filmes com Leandro Hassum e companhia, o cinema nacional fez bonito em 2014. Teve o ótimo "O Lobo Atrás da Porta", "Tim Maia", "Boa Sorte" e "Entre Nós". E para não dizer que não teve comédia boa, "Confissões de Adolescente" e "Os Homens São de Marte...E é Pra lá Que Eu Vou" se destacaram.

Tivemos  também ótimas animações como "Operação Big Hero", "Os Boxtrolls" e "Como Treinar o Seu Dragão 2". O ano também teve alguns fracassos como "Transcendence" com Johnny Depp. Teve terror com "Annabelle", comédia com o ótimo "Vizinhos", além de "Anjos da Lei 2" e "Quero Matar Meu Chefe 2", muito romance do interessante "Será Que?", muita comida no delicioso "Chef", dobradinha Scarlett Johansson com os bons "Lucy" e "Sob a Pele", adaptações literárias com os razoáveis "A Menina Que Roubava Livros", "Se Eu Ficar" e "O Doador de Memórias". E filmes independentes que se destacaram como "Temporário 12", "Upstream Collor", "O Maravilhoso Agora", "Locke" e "Run & Jump". 


Vamos ao TOP 20, lembrando que são citados apenas aqueles que foram lançados no Brasil em 2014, independente do ano em que foram lançados no país de origem.



MENÇÕES HONROSAS: "Frozen: Uma Aventura Congelante" não foi tão incrível assim para estar na lista, mas é impossível falar de 2014 e não falar da animação da Disney, que trouxe uma história interessante, que quebra alguns clichês sobre princesas, além de suas canções que fizeram grande sucesso. "X-Men: Dias de um Futuro Esquecido", resumidamente é, Bryan Singer retornando à função que nunca deveria ter deixado, concertando os erros que a saga cometeu nos últimos filmes e entregando uma obra à altura do mutantes. "No Limite do Amanhã" é tão descompromissado, que sem querer, acabou dando uma aula de como se faz um bom blockbuster, roteiro bem escrito, trama inteligente e personagens que cativam, colocando Tom Cruise e Emily Blunt como a melhor dupla em ação do ano. "O Homem Duplicado", filme de Denis Villaneuve trouxe uma das histórias mais mirabolantes e intrigantes de 2014 e com certeza, fez de seu final absurdamente ousado, um dos mais controversos dos últimos tempos.




20. A Música Nunca Parou (The Music Never Stopped)
de Jim Kohllberg / EUA


Nitidamente filmado com pouco orçamento, "A Música Nunca Parou" possui um formato extremamente simples, no entanto, é tão grandioso em suas intenções, que me fez ter a certeza de que quase nenhum filme lançado neste ano disse tanto, sem grandes esforços, uma pequena ideia que lançam de início e pouco promete, eis que cresce, invade a tela com toda sua honestidade, intensidade e comoção. A história de um pai que passa a usar as clássicas canções do rock dos anos 60  - entre The Beatles, Bob Dylan e The Rolling Stones - para recuperar a memória de seu filho, diagnosticado com um tumor do cérebro. O encontro é belo e este embate entre pai e filho causa um efeito devastador, que sem eu perceber era somente lágrimas diante daqueles incríveis diálogos, personagens e canções. Foram poucas as vezes que o cinema trouxe a música de forma tão incrível e tão delicada quanto aqui. Sem dúvida, o final mais tocante e mais profundo do ano.




19. Hoje Eu Quero Voltar Sozinho
de Daniel Ribeiro / Brasil


Baseado no curta-metragem de bastante sucesso de 2010, o filme conta a história de um jovem cego que se apaixona por um colega de classe. "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho" fala sobre a descoberta da sexualidade e relata isso de forma natural, sem estereótipos e que consegue ir muito além do "temática homossexual", ainda que sirva, claro, como uma arma contra o preconceito. O roteiro, com toda sua delicadeza, faz um relato bastante intimista sobre a juventude, sobre descobertas pessoais e de novos desejos, sobre esta constante busca dos adolescentes de serem encontrados e compreendidos. Durante todo o ano, não cheguei a ver uma sala de cinema tão entretida e tão encantada com o que acontecia na tela como neste filme. De fato, se trata de algo extremamente prazeroso, sensível e apaixonante, que apesar de todo sua simplicidade, consegue dizer muita coisa. Mais um excelente filme nacional!



18. Jersey Boys: Em Busca da Música (Jersey Boys)
de Clint Eastwood / EUA


É aquele típico filme que tinha tudo para dar errado. "Um musical dirigido por Clint Eastwood" é a frase que ninguém imaginou, um dia, pronunciar. A verdade é que eu desconhecia a paixão do diretor pela música, principalmente pelo jazz e ao assistir o (magnífico) final desta obra, só pude ter uma única certeza...não poderia haver diretor melhor para a realização de "Jersey Boys". Em suma, tudo na tela funciona e a sempre fantástica direção do veterano esta lá, construindo sempre sequências, no mínimo, interessantes. Clint Eastwood tinha um musical, baseado numa peça da Broadway sobre a banda Four Seasons, e decidiu fazer diferente, sem firulas e sem exageros, um musical limpo, puro, que funciona quase como uma cinebiografia, logo que o roteiro coloca seus grandes personagens acima de suas canções. Poderia, também, ser apenas uma cinebiografia, se seu brilhante texto não renegasse, a todo instante, os clichês do gênero. Com um ótimo elenco e uma produção caprichada,"Jersey Boys" é tudo aquilo que não esperávamos de Clint e como foi bom vê-lo dessa forma, principalmente diante daquele antológico final, tão gostoso de ver e tão original que só me fez ficar ali na poltrona, encantado, esperando por mais.



17. Walt Nos Bastidores de Mary Poppins (Saving Mr.Banks)
de John Lee Hancock / Austrália, EUA, Reino Unido


Sei que grande parte da crítica especializada detestou a obra e que jamais a colocariam dentre as melhores do ano. Bom, tenho que admitir que o filme me encantou do começo ao fim, seus conflitos me convenceram e seus personagens me conquistaram, e quando terminou me senti grato por tudo o que vi e maravilhado com o resultado. É um drama forte, cheio de nunces, que mostra este belíssimo embate entre Pamela Travers, a autora do livro "Mary Poppins" e Walt Disney que tenta convencê-la a permitir que a obra seja adaptada por seu estúdio. Sim, é um filme da Disney, as caricaturas e toda a magia estão lá, no entanto, esta é a beleza do longa, construir este mundo mágico diante de eventos tão trágicos, esta foi a poesia de "Mary Poppins" e que retorna aqui. Parte do encantamento da obra está aí, trazer beleza e magia onde não há, a importância da imaginação e como ela transforma seus personagens. Extremamente tocante e belo, repleto de ótimos momentos e diálogos emocionantes. Mais do que um convite à fantasia, "Walt Nos Bastidores de Mary Poppins" é um convite à vida.



16. Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy)
de James Gunn / EUA


Eu confesso que nunca entendi este hype todo em cima da "Marvel", por mais que seus heróis sejam realmente interessantes, quase nunca funcionaram na tela, alcançando alguns momentos desastrosos como "Homem de Ferro 3" e "Thor 2: Mundo Sombrio". Pois bem, finalmente vi um filme da Marvel (produzido pela Disney) que realmente valeu a pena, "Guardiões da Galáxia" é o ponto mais alto que o estúdio alcançou nos últimos anos, acertou a mão, corrigiu os erros e maneirou nos excessos e o resultado foi um filme divertido, bem realizado, com ótimo roteiro, que pela primeira vez soube como e onde inserir piadas, com cenas de ação que finalmente empolgaram, e personagens, que diferente de todos os outros, tiveram algo a dizer, algo real e interessante a enfrentar. E o mais legal de tudo é que se trata exatamente do filme menos esperado do estúdio, do mais despretensioso, que mesmo tendo apenas um único intuito, divertir...acabou conseguindo muito mais que os outros. Valeu muito acompanhar esses heróis tão deslocados e que funcionam perfeitamente bem juntos na tela. E valeu, claro, pela excelente trilha musical, que resgatou no público aquela vontade de chegar em casa e começar a ouvir as músicas tocadas no filme, a tal comentada "Awesome Mix vol. 1".



15. Uma Aventura Lego (The Lego Movie)
de Christopher Miller e Phil Lord / EUA 


Mais do que a melhor animação do ano, "Uma Aventura Lego" foi, fácil, um dos melhores filmes do ano. O que de início parecia apenas uma boa jogada de marketing, logo nos deparamos com uma das obras mais criativas e mais empolgantes de 2014. E exatamente como uma brincadeira de criança, o roteiro possui uma imaginação fértil, pronta para aceitar qualquer coisa, onde nem tudo precisa ter algum sentido, onde nem tudo precisa seguir uma lógica. E assim, acompanhamos uma história fantástica, extremamente original, distorcem de forma genial a saga do herói, todos os seus conflitos, duvidas e provações e misturam no meio disso o Batman, Star Wars, um gato unicórnio vindo de um mundo cheio de boas vibrações, passando pelo velho oeste e tudo o que poderia existir de mais bizarro em uma única aventura. Um filme surpreendentemente bom, que encanta por sua coragem, que diverte (e muito!) por seu nonsense, que faz rir como nenhum outro filme conseguiu este ano e que alcança, durante seus minutos, um nível de inteligência rara para o gênero.



14. A Culpa é das Estrelas (The Fault in Our Stars)
de Josh Boone / EUA


Baseado no best seller de John Green, o filme fez um estrondoso sucesso no Brasil, sendo a maior bilheteria do ano, ultrapassando os blockbusters e alcançando uma posição quase nunca ocupada por um romance. Mais do que uma excelente adaptação, o filme traz aquele frescor dos romances juvenis, com um texto de grande qualidade e personagens carismáticos. Hazel e Augustus, definitivamente, ocuparam um espaço especial neste ano, talvez esta seja a razão do grande sucesso da obra, pois finalmente nos deparamos com um casal que nos fez torcer, vibrar e sofrer. Parte do mérito de "A Culpa é das Estrelas" também coloco em Shailene Woodley, que se entregou a protagonista e realizou cenas tão delicadas e com tanta força, convenceu e construiu momentos de grande comoção. Confesso que achei que veria mais um drama de adolescentes com câncer, no entanto, felizmente, o filme vai muito além disso, traz ótimas reflexões sobre a vida e sobre a morte. E claro, nada seria tão incrível sem seu final, que é de partir o coração. Uma grande surpresa, um filme para rever muitas outras vezes.



13. O Abutre (Nightcrawler)
de Dan Gilroy / EUA


Diria que "O Abutre" fechou 2014 com chave de ouro, o último grande filme que tivemos no ano. Na trama, acompanhamos a surpreendente trajetória de Lou Bloom, sociopata que decide trabalhar como freelancer para o jornalismo criminal de Los Angeles, filmando acidentes e crimes e vendendo para a TV local. O resultado de tudo isso é simplesmente chocante, principalmente quando Lou decide interferir nas filmagens, construindo seu próprio universo de crimes. O filme é uma clara crítica sobre o jornalismo atual e sobre como mídias lucram com a desgraça alheia e é surpreendente como, apesar de toda sua trama parecer tão bizarra, tudo parece real, tão próximo ao que vemos diariamente na TV. Jake Gyllenhaal é a personificação perfeita deste público sádico, sedento pelo caos e desordem, e sua composição é o que torna "O Abutre" tão espetacular, tão único. Contando ainda com um inteligente humor negro, o filme consegue divertir, entreter, nos prende do começo ao fim, nesta trama extremamente imprevisível, e assim, seguimos para seu incrível final que fecha de forma genial sua brilhante sátira.



12. Alabama Monroe (The Broken Circle Breakdown)
de Felix van Groeningen / Bélgica


Fui assistir sem grandes expectativas, sem saber o que vinha pela frente. Isso foi bom, recebi um grande baque. "Alabama Monroe" é daquele tipo de filme que nunca sabemos aonde pretende chegar e com suas reviravoltas ele se torna interessante, surpreende, pois está sempre acima daquilo que esperamos dele. Sua trama é sobre ciclos, sobre aqueles instantes que começam, parecem eternos, nos completam e de repente...terminam. É doloroso, impiedoso, sofremos ao lado de seus personagens, que enquanto convivem com as desilusões de suas vidas, sobem ao palco e cantam suas canções, é quando entra em cena o contagiante bluegrass, uma mistura harmoniosa de country e folk. E dessa forma, a obra nos apresenta, de forma belíssima e encantadora, a música como escape, um lugar onde as frustrações se tornam alegria, um mundo fantasioso que não permite sofrimento. "Alabama Monroe" é um filme impactante, devastador, ao mesmo tempo em que é doce, romântico. É algo que permanece na mente muito tempo depois que termina.



11. Inside Llewyn Davis: Balada de Um Homem Comum (Inside Llewyn Davis)
de Joel e Ethan Coen / EUA


Apesar de não ser muito fã dos Irmãos Coen, assistir "Inside Llewyn Davis" foi uma experiência interessante, com certeza, até hoje, a obra que mais gostei deles. Pela história, por este protagonista ordinário vivido com tanta honestidade por Oscar Isaac, pelas músicas, pela caprichada produção, pelo tom realista e melancólico, enfim, é um daqueles filmes que tudo parece estar no lugar e tudo é extremamente agradável de se ver, ainda que a intenção seja causar um certo incômodo. Incômodo sobre a vida deste ser estagnado na própria vida, fracassado, que não sai do lugar e não tem planos futuros, que possui um talento inegável para música, no entanto, vazio demais diante de todas as suas derrotas, incapaz de compreender sua própria grandeza. É a conhecida comédia dos erros, rimos de sua desgraça, de seu desconforto, apesar do constante clima angustiante que acompanha toda sua trajetória. Excelente roteiro de Ethan e Joel Coen, sutil, simples, porém certeiro, profundo. Vale também pelas ótimas canções, também, brilhantemente escritas e executadas, e através do seu folk, voltamos no tempo e compreendemos toda uma geração. Belíssimo trabalho.



10. Praia do Futuro
de Karim Aïnouz / Alemanha, Brasil


Muito se falou sobre "Praia do Futuro", acabou causando polêmica por seu conteúdo, avaliado pro muitos como "inapropriado". Diferente de muitos, senti um imenso orgulho do filme, por saber que se trata de um longa nacional e de tamanha qualidade. Foi bom ver Wagner Moura fazendo exatamente o que ninguém esperava dele. Foi bom ver um filme brasileiro tão grandioso como este, com toda sua complexidade e poesia, com toda sua fúria e comoção. E através de sequências extremamente bem filmadas, méritos da excelente direção do cearense Karim Aïnouz, vemos um roteiro difícil, com poucos diálogos e muitas reflexões, sua trama deixa lacunas e grande parte de sua compreensão não está na tela, é um cinema novo, que se mergulhado a fundo, a sensação será extasiante. O filme faz, a todo tempo, uma alusão ao universo dos heróis, fala sobre coragem enquanto seu protagonista é este ser fragilizado, que foge por medo, que foge em busca de si mesmo, de se perder e ser encontrado."Praia do Fututo" é um pouco sobre a fuga, sobre a solidão. Poético e de uma beleza indescritível, um filme repleto de alma e de sentimentos. Um trabalho admirável. 



09. Planeta dos Macacos: O Confronto (Dawn of the Planet of the Apes)
de Matt Reeves / EUA


Uma das grandes surpresas do ano, a sequência do filme de 2011, conseguiu ir muito além do que se espera de uma continuação. O diretor Matt Reeves chegou e elevou o nível da produção, que diga-se de passagem, já havia sido incrível no primeiro filme. Ele nos entrega algo épico, de proporções gigantescas, com um roteiro genial e ideias incrivelmente bem elaboradas, ele nos dá a chance de finalmente assistir um puro filme de entretenimento, que não manipula, não engana e o melhor, não subestima a inteligência de ninguém. Fazia tempo em que Hollywood não produzia uma sequência desse nível, que mesmo sendo - acredito eu - pouco valorizado pelo público, estamos diante, finalmente, de uma saga que vale a pena apostar, que vale a pena esperar os desdobramento desta história, construída através de ricos detalhes, cheia de nuances, que possui momentos marcantes, personagens fantásticos, com direito a um herói e a um vilão que há muito não se fazia, que nos encanta e nos faz sofrer diante da tela. Que filme fantástico! Eletrizante, ágil e surpreendentemente emocionante e inteligente.



08. O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel)
de Wes Anderson / Alemanha, EUA, Reino Unido


Wes Anderson é, definitivamente, um dos diretores mais interessantes do cinema atual. Mesmo que ele dirija há muito tempo, acredito que a cada novo filme ele se renova - apesar de suas fortes características sempre permanecerem - e "O Grande Hotel Budapeste" marca seu melhor momento até aqui. Possui um roteiro brilhante, e de certa forma, com inúmeras dificuldades, mas que ele acerta e entrega um filme extremamente original e divertido. Parece uma homenagem aos contadores de história, onde acompanhamos uma história dentro da outra, e como camadas a serem reveladas, viajamos em diversas épocas, conhecemos tramas que vão dando início a outras. A grande aventura do lobby boy Zero (Tony Revolori) e como a amizade com o Monsieur Gustave, concierge do Hotel Budapeste, definiu sua vida. Uma comédia refinada, cheia de bons momentos e diálogos espertos, que enaltecem as interpretação de todo seu grande elenco, destacando, a fantástica composição de Ralph Fiennes. Wes Anderson realiza mais um grande filme, que encanta por todo seu deslumbrante visual, por seu humor e por suas grandes ideias.



07. Mesmo Se Nada Der Certo (Begin Again)
de John Carney / EUA


Foram poucas as vezes que sai de uma sala de cinema tão feliz quanto saí neste filme, e não há possibilidade de se ter outra sensação a não ser felicidade diante desta pequena pérola que o cinema nos presenteou em 2014. Uma experiência deliciosa, que encanta por cada detalhe, seja por sua divertida e inusitada trama, seja por seus incríveis personagens, seja palas canções, "Mesmo Se Nada Der Certo" é daqueles filmes que preenchem e alma, que nos inunda de ótimas vibrações, que dá vontade de sair do cinema e ir viver um pouco mais. Na trama, acompanhamos Gretta e Dan, ambos desiludidos diante de seus fracassos, mas que juntos decidem gravar um álbum, uma canção em cada canto da cidade. O resultado é divertidíssimo, apaixonante e encantador. Ótimos diálogos, ótimas músicas e interpretações de Keira Knightley e Mark Ruffalo. Inspirador e incrivelmente adorável, para se ver, ouvir e admirar.



06. Relatos Selvagens (Relatos Salvajes)
de Damián Szifrón / Argentina


Dividido em seis capítulos, "Relatos Selvagens" nos mostra, através de histórias surpreendentes, o limite que separa a civilização da barbárie, o instante em que o homem decide encarar o caos e se tornar um animal selvagem. Vemos um homem que decide desafiar o sistema burocrático de seu país, passamos ainda por dois outros que travam uma batalha no meio de uma rodovia devido a um desentendimento e ainda uma mulher que destrói sua festa de casamento ao descobrir a traição de seu noivo, entre outras loucas, irreverentes e imprevisíveis situações. É tudo absurdamente engraçado, chocante e impactante, que nos faz rir do desespero, do inesperado, do bizarro. Uma junção espetacular de histórias extremamente bem conduzidas, de uma inteligência e originalidade admirável. Bruto, revigorante, estrondoso. Um soco na cara.



05. Interestelar (Interstellar)
de Christopher Nolan / EUA, Reino Unido


Acho bastante exagerado afirmar que "Interestelar" seja o "Uma Odisséia no Espeço" de 2014. No entanto, é muito bom saber que ainda exista um cinema de extrema qualidade, que seja capaz de ser comparado à Kubrick. Como diria no popular, Christopher Nolan zerou. O diretor parece ter compreendido a beleza das antigas ficções cientifícas e trouxe uma beleza tão rara no gênero, seu silêncio, seus personagens, toda suas criações visuais e toda sua noção do espaço. Que trabalho brilhante de Nolan, como foi magnífica a experiência de ver e sentir "Interestelar" no cinema, com toda sua genialidade e grandiosidade. Se trata do mais novo épico da ficção científica, um longa poderoso e incrivelmente bem construído, que tem a capacidade de hipnotizar seu público durante suas três horas, e que ainda emociona com sua trama bastante conflituosa. Um filme fantástico e que ainda possui um final que nos faz ficar pensando e refletindo muito tempo depois que ele terminou. De fato, um espetáculo visual, sensorial e sonoro. Um marco.



04. Ela (Her)
de Spike Jonze / EUA


Spike Jonze é um dos cineastas mais incríveis da atualidade, e a cada retorno seu, uma nova surpresa. "Her" traz um dos roteiros mais geniais que tivemos a oportunidade de presenciar nos últimos anos, é de uma complexidade e originalidade extrema. O longa relata, de forma bastante inusitada, o relacionamento entre um homem solitário e um sistema operacional com inteligência artificial, que o faz sentir, finalmente, acolhido e compreendido. É um romance futurístico, de um futuro melancólico não tão distante do nosso e sobre as relações vazias tão presentes em nossa vida atual, sobre o nascimento desta triste sociedade, tão individualista e tão dependente da tecnologia. É curioso e até mesmo engraçado todas as possibilidades que o roteiro explora, no entanto, ao mesmo tempo é tão assustador, tão profundo em suas intenções e reflexões. E o filme vai além, ao conseguir, com tanta sensibilidade, falar sobre intimidade, falar sobre paixão e a sensação de ser livre para ser um louco, ser um idiota e ao mesmo tempo se sentir seguro, compreendido. De uma inteligência, originalidade e beleza tão rara, que nos faz lembrar do porquê somos apaixonados pela sétima arte.



03. Nebraska (Nebraska)
de Alexander Payne / EUA


"Nebraska" é um presente, entregue de coração. Me entregou em 2014, uma experiência única, me fez sentir algo que não voltei a sentir ao longo do ano, não com tanta intensidade, aquele misto de alegria e tristeza, de encantamento e dor. E ali permaneci, entre risadas e lágrimas. Relata de forma extremamente humana e honesta o doce e o amargo da vida, o fim como ele realmente é, cheio de frustrações e poucas conquistas. A obra ainda traz uma noção muito real sobre família, aquele silêncio durante o almoço, aquele olhar compreensivo que não precisa vir acompanhado de palavras. "Nebraska" é simples, mágico e intensamente profundo, Alexander Payne entrega beleza onde não há, entrega poesia onde ninguém vê. Bruce Dern , June Squibb e Will Forte...o que foram esses três em cena? Que vontade de entrar no filme e aprender um pouco mais da vida com eles. É daquelas obras que ao fim dá aquela sensação de que fomos agraciados por algo, dá vontade de encontrar com todos que o realizaram e dizer um verdadeiro: OBRIGADO!



02. Boyhood: Da Infância à Juventude (Boyhood)
de Richard Linklater / EUA


A sétima arte precisava de "Boyhood". Fazia tempo em que não surgia um filme tão inovador quanto este, que reconstrói a lógica do cinema e entrega ao público a chance de presenciar algo extremamente ambicioso, de uma coragem admirável. Uma obra filmada ao longo de doze anos, e assim, temos a interessante oportunidade de acompanhar o elenco envelhecendo na tela, junto com seus personagens. O resultado é maravilhoso, não apenas por suas inovações, mas principalmente, por tudo o que ele diz, por tudo o que nos faz sentir. É uma deliciosa viagem no tempo, é o passado retornando diante de nossos olhos, é o resgate de uma geração, de uma cultura, de uma vida que é tão próxima a nossa, os costumes, os aprendizados, os inícios e os finais. Ver o tempo correr na tela é emocionante, mas também causa um certo impacto, uma estranha tristeza. É doloroso envelhecer, ver tudo o que ficou para trás, perceber que viver é um ato único, uma única chance, que tudo passa. É cruel sentir que o que temos hoje, amanhã será apenas uma lembrança. Richard Linklater é um gênio, conseguir o que ele conseguiu, é realmente para poucos. É um trabalho impecável, que mesmo sendo tão simples, tão linear, consegue causar em nós algo tão profundo, tão intenso. "Boyhood" é um marco na história do cinema, é, definitivamente, uma obra-prima.



01. O Lobo de Wall Street (The Wolf of Wall Street)
de Martin Scorsese / EUA


Logo quando assisti "O Lobo de Wall Street" no começo de 2014, tive a quase certeza de que nenhum outro filme poderia superá-lo. Pois bem, o ano terminou, tivemos obras incríveis e memoráveis, entretanto, o longa dirigido pelo mestre Martin Scorsese, surpreendentemente, foi além, além do épico, além do surreal. É mais um daqueles raros casos de um cinema inclassificável, que não se iguala a nenhuma obra já lançada. Jamais poderia imaginar que em pleno 2014, Scorsese pudesse realizar um filme à altura de seus maiores clássicos. Sim, ele se superou, e isso é um trabalho quase que impossível para um diretor que já fez tantas obras incríveis. Um dos melhores de Martin Scorsese e ao meu ver, o melhor filme do ano. Mais do que isso, o colocaria também, dentre os melhores filmes dos últimos tempos, um marco no cinema contemporâneo. "O Lobo de Wall Street" poderia ter sido apenas uma boa adaptação sobre a vida de Jordan Belfort e como ele se tornou milionário através de suas falcatruas. Poderia. O que vi, porém, foi um filme excepcional, que ao investigar a vida de excessos de seu protagonista, cria na tela um verdadeiro show de bizarrices, e que durantes suas rápidas três horas, podemos ver de tudo, alcançando momentos épicos, de um primor poucas vezes conquistado. É pura satisfação cinéfila mergulhar de cabeça nesta obra que é tão revigorante, energética, violenta, que enfrenta o politicamente incorreto sem medo, sem moralismos, sem freios, é algo ousado, corajoso, grandioso e de extrema vitalidade.  Roteiro impecável, diálogos sensacionais e atuações formidáveis de todo o elenco, destacando, claro, Leonardo DiCaprio, que fez de tudo em cena. Um trabalho de mestre. Por tudo isso, sem dúvida alguma, digo que "O Lobo de Wall Street" foi o melhor filme de 2014.

2 comentários:

  1. "O Lobo de Wall Street" com certeza foi o melhor filme de 2015. Uma obra prima de Scorsese. Postagem muita boa, parabens!

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    1. Valeu pelo comentário, Fernando! Realmente...uma "obra-prima" de Scorsese. Que bom que curtiu a lista!

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