quarta-feira, 17 de julho de 2013

Crítica: Universidade Monstros (Monsters University, 2013)

Grande sucesso da Pixar em 2001, "Monstros S.A", foi com certeza, um dos filmes mais criativos do estúdio e doze anos depois, eles lançam sua sequência. Uma continuação, digamos, desnecessária, logo que a trama havia se fechado por completo no primeiro, entretanto, o que de longe parece um recurso apelativo para ganhar dinheiro, já nos primeiros minutos e até seu final, "Universidade Monstros" prova a que veio e mostra, para minha surpresa, grandes motivos para ter sido feito.

por Fernando Labanca

Desta vez, conhecemos não o que ocorreu depois dos acontecimentos do primeiro, mas sim o que ocorreu antes, ou seja, como os monstros Mike e Sulley se tornaram amigos e mostrando que antes de tudo isso, eram grandes rivais na época da faculdade. 

Desde pequeno, Mike Wazowski sonhava em seu um grande assustador, entrar para a Monstros S.A e conseguir armazenar a maior quantidade de gritos de criancinhas. Para isso, assim que completa maior idade, entra para a MU, a Universidade Monstro. Estudioso e extremamente compenetrado em cada aula, ele acaba se deparando com James Sullivan, o metido a valentão, que se acha o maior assustador de todos, mesmo sem estudar. Com um extremo espírito competitivo,os dois acabam se desentendendo e isso os coloca fora do programa em que estavam na Universidade e para chamar a atenção de uma professora durona para colocá-los de volta no curso, eles decidem provar que são bons em assustar entrando para a competição anual de sustos, porém, por falta de opção, acabam trabalhando juntos, entrando numa equipe de "losers", um grupo de monstros desajustados que nunca conseguiram competir nos jogos.


Não, não é melhor que o primeiro filme. No entanto, "Universidade Monstros" se mostra muito mais interessante do que parecia, se firma como o melhor da Pixar desde "Toy Story 3" e surpreende ao revisitar uma ideia já criada, prontos para tirar o melhor proveito dela, mesmo que através de clichês, o roteiro não se utiliza do que foi bom no anterior, cria uma nova trama, insere novos personagens, e assim se mostra ousado, simplesmente por não apostar naquilo que um dia deu certo. Fazia tempo em que não via a Pixar assim e o resultado foi muito além do esperado, um estúdio renovado, criativo mais uma vez, entregando ao público uma história redonda, de fácil compreensão, mas sem deixar de agradar, de trazer novas ideias, divertindo com seus bons diálogos e personagens extremamente carismáticos e apostando, diferente do anterior, muito mais no drama, fazendo de Mike e Sullivan personagens ainda mais interessantes, com conflitos mais consistentes. Não é superior ao "Monstros S.A", mas ganha mérito justamente por não ficar tão atrás, sendo uma sequência bem-vinda, que não estraga o que foi bom, muito pelo contrário, só reforça aquela brilhante ideia do primeiro, que pode muito bem ser comparado com ele e só por isso já merece respeito. 

Se em "Monstros S.A", a dupla precisava lidar com um problema externo, a pequena Boo, vinda de "outro mundo", aqui eles precisam lidar com seus problemas internos, conhecer um pouco mais de si mesmos. É então que surge a beleza deste filme, a amizade entre os dois é desenvolvida aos poucos, de forma engraçada e sensível também, e mesmo na rivalidade, um acaba dependendo do outro. Mike que precisa de Sullivan para expor o monstro e a fúria que havia dentro de si, e Sulley que precisa de seu amigo para sentir de verdade toda a segurança que demonstra ter diante dos outros. E num mundo onde ser assustador é ser o melhor, eles também sentem medo, mesmo sendo monstros e é no outro que encontrarão a coragem e a força para sobreviver ali.

A técnica em animação cada vez mais primorosa, chamando a atenção em cada textura, cenário e iluminação, em níveis extremamente reais. A trilha sonora, mais uma vez, sob o comando de Randy Newman, com ótimas canções que empolgam durante todo o filme. "Universidade Monstros" é definitivamente um programa imperdível, com roteiro bem cuidado, que explora muito bem cada detalhe de uma faculdade, os estereótipos, os valentões, os losers, as fraternidades, competições, tudo o que tem direito, e inserindo neste mundo personagens interessantes que possivelmente agradarão a todos, como a desajeitada equipe de Mike e Sullivan, que são muito engraçados e garantem bem as piadas do longa. Pra mim, uma grata surpresa, gostei bastante e saí do cinema com um sorriso no rosto, feliz por enfim ver uma animação de qualidade, que não se preocupa apenas com a técnica, mas principalmente com seu conteúdo. Divertido, simpático, comovente e na medida certa para agradar! Ponto para a Pixar. Recomendo.

NOTA: 8,5


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