segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Crítica: Missão Madrinha de Casamento (Bridesmaids, 2011)

Elogiado internacionalmente, praticamente ignorado em território brasileiro, "Missão Madrinha de Casamento" tem como marca o estilo Judd Apatow de se fazer comédia, responsável por filmes como "O Virgem de 40 Anos", "Ligeiramente Grávidos" e "Tá Rindo Do Quê?", ele é sem sombra de dúvida o nome mais forte deste gênero, e retorna aqui como produtor executivo, mas suas características estão presentes e graçás a isso, presenciamos uma das melhores comédias deste ano!

por Fernando Labanca

Annie (Kristen Wiig) passa por um momento complicado em sua vida. Viu seu grande negócio falir, uma confeitaria onde vendia o que mais sabia fazer, bolos. Tem o desprazer de ver seu comércio fechado todos os dias ao caminhar para seu novo trabalho, como vendedora de jóias, local onde se irrita facilmente ao ver os jovens casais felizes, logo que deixou de acreditar nas relações amorosas, pois foi abandonada pelo homem que amava e o maior contato que possui com um homem é com Ted (John Hamm), um completo idiota que só pensa em transar. Além disso, por não ter mais dinheiro, tem que dividir um apartamento com outros dois idiotas. Até que recebe a notícia de que sua melhor amiga, Lillian (Maya Rudolph) iria se casar e que seria a madrinha de honra.

A partir de então, Annie resolve esquecer seus problemas e fazer o melhor possível para agradar sua amiga, o problema maior surge quando conhece Helen (Rose Byrne), a outra madrinha de casamento, uma mulher bela, elegante e inteligente e que além de ter um bom gosto para tudo, é uma grande amiga de Lillian, para surpresa de Annie que passa a provar a qualquer custo ser melhor que ela. Mas fazer isto vai ficando cada vez mais difícil, principalmente quando ela prova para todos ter um outro grande talento, ferrar com sua própria vida, e coloca todo mundo em situações extremamente embaraçosas. Entretanto, enquanto Annie vai perdendo o controle da própria vida, conhece o policial Nathan (Chris O'Dowd), que passa a ser um grande companheiro nesta difícil jornada.


Ora comédia, ora comédia romântica, ora comédia dramática, ora um completo drama. Não há uma definição exata para "Missão Madrinha de Casamento", a verdade é que mesmo trabalhando com inúmeras vertentes do cinema, o longa dirigido por Paul Feig (diretor de alguns episódios da ótima série "The Office"), sabe lidar perfeitamente com todas elas e se sai bem na maior parte do tempo. Faz rir como nenhum outro filme lançado este ano fez e emociona como poucos dramas lançados este ano emocionaram. A história é ótima, e vai crescendo a cada cena, a princípio parece um projeto pequeno sem grandes propósitos, mas ao decorrer da trama, percebemos o quão interessante é este filme, por nos proporcionar momentos de boas reflexões ao mesmo tempo em que nos faz rir, a lá Judd Apattow. De fato não é uma comédia vazia, feita para rirmos e pronto, há boas intenções por trás deste humor escrachado.

Como disse, me fez rir como nenhum filme este ano, há cenas realmente engraçadas e me espanta o fato de não ter tido espaço aqui no Brasil, o que é uma pena. O que dizer da disputa entre Kristen Wiig e Rose Byrne? Impagável, fico repetindo pra mim mesmo os diálogos que são hilários, como a deliciosa cena onde as duas disputam o microfone afim de chamar atenção de Lillian. Ver Annie dançando na frente do policial pra provar não estar bêbada foi bizarro, mas divertido, assim como ela fazendo barbaridades na rodovia pra chamar a atenção do mesmo. Por outro lado, não posso deixar de destacar os pontos negativos e que vão exclusivamente para uma personagem, Megan, interpretada por Melissa McCarthy, desde sempre provou ser boa na comédia, mas aqui, as roteiristas pegaram pesado e deixaram as piores piadas para ela, e quando entra em cena, vemos momentos de total vergonha alheia.

Kristen Wiig é peça rara. Fiquei me perguntando o filme inteiro...onde estava esta atriz? Faz parte de elenco de "Saturday Night Live" e desde um bom tempo vem fazendo pequenas participações em filmes de comédia. Eis que este é seu momento, escreveu o roteiro ao lado de Annie Mumolo, e não podia perder a chance de brilhar, o que de fato, consegue, e com grande êxito. É uma grande protagonista, diverte demais, possui um humor delicioso, além de saber nos emocionar quando precisa, estamos diante de uma grande atriz, que fez o serviço completo, fez loucuras em cena e convenseu com esta personagem de ouro. Maya Rudolph é divertidíssima, mais do que isso, também é uma grande atriz e ao lado de Wiig, mostram uma afinidade muito real e devido a isso nos afeiçoamos a esta relação. Rose Byrne também brilha em cena, soube divertir, para minha surpresa. Chris O'Dowd tem seus bons momentos no filme e não faz o típico galã de comédia romântica, elevando ainda mais o nível do longa. O restante do elenco é dispensável, os atores até tentam, mas o roteiro se esqueceu deles.

Gosto do humor do filme, acontece de maneira natural e por isso funciona tão bem, além de ter atrizes talentosas como protagonistas, desconhecidas pelo público, o que faz desta obra ainda mais interessante. O casal formado ao decorrer da trama, me surpreendeu, desde a forma como se conheceram, e principalmente por não serem o foco da história, mas em nenhum momento são ignorados. Peca pelo exagero de algumas cenas, envolvendo piadas escatológicas, e pela longa duração de algumas passagens como a do avião, onde a cena continuava mesmo quando a piada já havia terminado. Foge na maior parte do tempo dos clichês, é uma obra bastante original, apesar de muitos o apontarem como "Se Beber Não Case" com mulheres, que aliás, há uma diferença muito grande entre estes dois filmes. Vale muito a pena, uma comédia memorável, que nos faz refletir sobre como somos nosso pior inimigo, como lutar e vencer na vida depende apenas de nós mesmos. Genial!

NOTA: 9


Um comentário:

  1. Classificado como apenas comédia mas se tornando quase romântica em determinados momentos, o final também acaba sendo previsível. Talvez é isso que determinados críticos precisam entender. Caça-Fantasmas o filme. Apesar de desapontar um pouco na parte final, Missão: madrinha de casamento é uma comédia divertida, atual e com excelentes tiradas.

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