quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Crítica: Atração Perigosa (The Town, 2010)


Entre os filmes da 34ª Mostra Internacional de Cinema e que também entra em circuito normal, o mais novo filme de Ben Affleck, "Atração Perigosa", que trás pela segunda vez o astro como diretor, porém desta vez, ele também aparece na frente das câmeras como protagonista deste suspense policial bem armado, que ainda conta com atuações de Rebecca Hall, Jeremy Renner, Jon Hamm e a nova queridinha dos Estados Unidos, a bela Blake Lively.


por Fernando Labanca

Em 1998, Ben Affleck ganhou ao lado de Matt Damon o Oscar de Melhor Roteiro por "Gênio Indomável". Muitos anos depois, apenas em 2007, o astro volta a trabalhar por trás das câmeras, mas desta vez como diretor, no ótimo "Medo da Verdade". Voltando na mesma função, Affleck não foge muito daquilo que já conhece onde havia trabalhado em seu primeiro filme, a cidade de Boston, que também é sua cidade de origem e palco de grandes filmes policiais.

Lá, é onde vivem os melhores bandidos, aqueles mais inteligentes e que entendem do "negócio", funciona como tradição, passando os dons de pai para filho, formando gangues temidas pela população, reconhecidas entre os perigosos e perseguidas por policiais. Entre essas gangues está a de Doug (Affleck) e seu amigo Jem (Jeremy Renner), que juntos trabalham com competência em grandes assaltos. Eis que foram assaltar um banco, mascarados, e fogem do cotrole, fazendo uma refém, a gerente Claire (Rebecca Hall), só para assustá-la. Entretanto, percebem que ela viu coisas demais e poderá acabar com tudo com uma simples denúncia, logo que o FBI está em sua cola.

Decidido a impedir isso, Doug vai atrás de Claire, apenas como Doug, um simples desconhecido, fazem amizade fácil e ele acaba percebendo o quanto aquele ato irresponsável afetou a vida dela. O problema é que ele acaba se apaixonando e esta improvável união acaba fazendo com que passe a refletir sobre sua vida e se é exatamente isso o que ele quer para viver, e fica dividido entre qual lado deve permanecer. Entretanto a escolha não será tão fácil, logo que abandonar seu amigo está fora de cogitação, pois Jem faz questão de lembrá-lo que devido a ele passou nove anos preso e que esta dívida ainda não foi paga.


Uma história não muito original, porém interessante, ainda mais sobre o olhar de Ben Affleck que mais uma vez acerta como diretor. O bandido que fica dividido após se apaixonar e tem que escolher qual será seu destino, clichê. Entretanto, o longa ainda reserva algumas surpresas e durante a projeção vamos nos deparando com situações que não esperávamos e acaba que tendo um final satisfatório, não muito previsível.

Tudo é muito correto em "Atração Perigosa", uma direção segura e atores competentes conduzem esta trama que facilmente nos sentimos inseridos nela. Ainda temos uma fotografia bela e uma boa trilha sonora, além de uma edição ágil e bastante dinâmica, principalmente nas ótimas cenas de perseguição e assaltos, ação de qualidade.

Ben Affleck não é um Martin Scorsese, soube trabalhar bem no gênero mas ainda não se pode compará-lo aos veteranos, por outro lado, juntando seu excelente desempenho em "Medo da Verdade" com este em cartaz, podemos perceber claramente seu dom e que definitivamente está no caminho certo. Como ator, entretanto, não tem desempenho tão bom assim, convence, está simplesmente correto, sem nenhuma surpresa, em determinadas cenas, até, poderia ter se entregado um pouco mais. O destaque fica para Rebecca Hall, ótima como Claire e que faz deste filme bem superior, assim como a excelente atuação de Jeremy Renner. Chris Cooper ainda faz uma pequena participação, muito bem, aliás. Ainda vemos a bela Blake Lively, mais conhecida como Serena em Gossip Girl, aqui ela tenta algo extremamente diferente do que faz no seriado, da boazinha menina rica, ela se transforma radicalmente na viciada em sexo e drogas, não convence tanto, mas não atrapalha, muito pelo contrário, é interessante vê-la se testando e ousando fazer algo novo.

Enfim, roteiro bom, mas não muito diferente, baseado no livro de Chuck Hogan, direção segura e bastante competente, há rumores como um dos possíveis indicados ao Oscar ano que vem. Vale a pena arriscar, não só para quem procura entretenimento, que aliás funciona muito bem, mas também para aqueles que simplesmente admiram algo que foi bem realizado.


NOTA: 8,5




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