quarta-feira, 22 de setembro de 2010

2 em 1: Paul Thomas Anderson

Um dos diretores mais aclamados da atualidade e considerado um dos melhores realizadores dos últimos anos. P.T Anderson foi consagrado por filmes como Boggie Nights (1997) e por seu último trabalho, o excelente "Sangue Negro" (2007), e recentemente tive o prazer de ver dois de sua maravilhosa filmografia: Magnólia e Embriagado de Amor.

Vale citar que o diretor está realizando um novo projeto, ainda intitulado como "The Master", que deveria chegar no final deste ano nos EUA, mas as últimas notícias indicam que a obra está parada, por "bloqueio criativo". O filme conta com Philip Seymour Hoffman, Jeremy Renner e Reese Witherspoon no elenco.

por Fernando Labanca


Magnólia (Magnolia, 1999)

Definitivamente, uma obra-prima, o melhor de Paul Thomas Anderson, que além de dirigir, escreveu e editou o filme. Vencedor do Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2000 e indicado ao Oscar de Melhor Roteiro Original, Melhor Ator Coadjuvante para Tom Cruise e Melhor Canção Original.

O longa conta algumas horas na vida de alguns moradores de Los Angeles. Claudia (Melora Walters), uma viciada em drogas, abusada sexualmente por seu pai na infância e com mantém um relacionamento atordoado no presente, ele é Jimmy Gator (Philip Baker Hall), que por sua vez, um apresentador de TV bem sucedido, que apresenta um famoso quadro onde crianças super inteligentes provam seus conhecimentos: no presente, um garoto é obrigado por seu pai a participar do programa pelo dinheiro; e no passado, um menino fez muito sucesso respondendo as perguntas e hoje (interpretado por William H.Macy), afetado psicológicamente pela fama repentina na infância, sofre por não encontrar seu lugar no mundo. Enquanto isso, um homem em coma afeta algumas vidas ao seu redor: um enfermeiro (Philip Seymour Hoffman), sua atual esposa (Juliane Moore) e seu filho (Tom Cruise), um guro do sexo, abandonado por ele na infância e que agora vai atrás de perdoar os erros passados do pai. Não muito distante, Jim (John C.Reilly), um policial que acaba se apaixonando por Claudia, uma viciada em drogas.


Pessoas que acabam se encontrando por pura coincidências do destino, ou melhor, por fatos inexplicáveis com uma probabilidade mínima de acontecerem, mas que acontecem, é a estranheza desse mundo, inexplicável, incoerente, surpreendente.


Uma história sobre perdão, sobre pessoas que por algum motivo deixaram de seguir em frente, mas que nessas horas, terão seus medos, suas fraquezas, suas crenças confrontadas. Ainda vemos várias aparições do número 82, referência de uma passagem bíblica, êxodo 8:2, uma breve metáfora sobre o perdão, onde há uma chuva de sapos e no filme, isso ocorre literalmente. E há quem diga que magnólia seja a flor do perdão, ou seja, um filme cheio de simbologias.

Editado pelo próprio Paul Thomas Anderson, "Magnólia" é ágil, sabendo contar cada história de forma magestral, um drama hipnotizante que nos fisga desde o primeiro segundo, fazendo as 3 horas de filme parecerem rápidos minutos.

As atuações são ótimas, porém as performances masculinas tiveram mais destaque. Juliane Moore, sempre incrível, tem uma personagem um pouco incompreensível que só chora e sofre. Melora Walters, uma pseudo-protagonista, derrapa feio em determinadas cenas, mas se recupera em outras. O destaque fica para John C.Reilly, incrível em sua performance, assim como William H.Macy, o melhor desempenho do ator que vi. A surpresa fica para Tom Cruise, indicado ao Oscar e vencedor do Globo de Ouro por sua atuação, muito bom em cena, surpreende qualquer um que achava que ele só era capaz de fazer filmes de ação.

Repito, uma obra-prima. Incrível, magnífico, surpreendente no roteiro e nas atuações, hipnotizante e emocionante. E mesmo após 11 anos de seu lançamento, vale a pena ser resgatado e apreciado.

NOTA: 10




Embriagado de Amor
(Punch-Drunk Love, 2002)

Nesta sutil comédia romântica, bem fora dos padrões, PTA também dirige e escreve o roteiro. Um filme bem leve e com uma direção impecável.

Na trama, Barry (Adam Sandler) é um pequeno empresário, que vende algumas criações num depósito, mas que tem a noção de que isto não lhe trará dinheiro, para resolver seu problema financeiro, ele descobre uma falha na promoção de uma compania aérea, comprando alguns pudins no mercado, ele conseguiria uma grande quantidade de milhas para viagens de graça. Logo, ele se torna um "viciado em pudim", sem que ninguém saiba seu plano incrível. Trabalha de terno para provar a si próprio que seu trabalho é sério e tem sete irmãs, o que para ele é uma desgraça, pois desde criança sempre foi sete contra um, e devido a isso, foi alvo de brincadeiras e humilhações que seguiram durante toda sua vida, e toda sua infelicidade, guardada, ele expõe para o mundo com algumas crises de raiva e depressão repentinas.

Até que conhece Lena (Emily Watson), uma mulher tão estranha quanto ele, e logo ele se identifica, entretanto, ele não tem a menor idéia de como ser legal e amar alguém. E aos poucos ela vai entrando neste estranho e louco mundo de Barry e descobre que a vida do rapaz é muito mais fora do comum do que ela imaginava, principalmente quando ele começa a ser perseguido por mafiosos perigosos, que dizem que Barry tem uma dívida com eles.

"Embriagado de Amor" nos mostra com bastante delicadeza essa estranha história de amor e a busca de um cara perdido no próprio mundo em ser forte e ser capaz de fazer alguém feliz. Um roteiro bem dirferente para uma comédia romântica e sua direção também caminha por novos rumos, cenas longas e silenciosas, humor bastante sutil e referências a filmes clássicos de romance, construindo cenas memoráveis.

O defeito fica na introdução de personagens necessários, porém, muito mal desenvolvidos, como os mafiosos, liderado por Philip Seymour Hoffman, se tornando vilões patéticos, o problema que eles acabam tendo bastante destaque na trama, destruindo toda a história que estava indo maravilhosamente bem.

Adam Sandler é a surpresa da vez, muito bem como ator de comédia, ele surpreende também nas cenas mais tensas e dramáticas. Emily Watson, sempre incrível, com seu jeitinho meigo e seu carisma inquestionável, ela facilmente conquista o público. Vale a pena pelos dois, pela inovação do gênero comédia romântica e pela impacável direção de Paul Thomas Anderson. Um filme belo e divertido, mas que infelizmente derrapa na história, acabando de um jeito sem graça, destruindo aquilo que era para ser perfeito.

NOTA: 6

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