terça-feira, 6 de julho de 2010

Crítica: Fúria de Titãs (Clash of The Titans, 2010)

A criatividade está em falta em Hollywood, e para não deixar de lucrar com a sétima arte, nada melhor que adaptações de livros e refilmagens de filmes antigos. E em 2010, um dos grandes blockbusters foi Fúria de Titãs, refilmagem do filme de mesmo nome de 1981. E para isso, criatividade e originalidade são itens que não foram cogitados nessa produção, onde o único obstáculo foi transpor toda a fantasia da história para as tecnologias do século XXI, efeitos visuais, nada mais que efeitos visuais!

por Fernando Labanca

Na história, Zeus (Liam Neeson) teve um filho com uma mulher casada, uma humana, e devido a isso, é assassinada pelo próprio marido e colocou o filho, um semideus, num caixão e o abandonou no mar. Ele é encontrado por um casal de pescadores, se torna Perseu, cresce e vive sua vida sem se importar com sua verdadeira origem. Eles viviam num mundo comandado pelos deuses, mais especificamente, por Zeus, que sempre teve apoio de seus dois irmãos, Poseidon, o deus do mar, e Hades (Ralph Fiennes), o deus do submundo, deus da morte.


Até que a população de Argos, cansada de viver sob os comandos de deuses que nada fazem por suas vidas, se rebelam, o que faz com que Hades fique furioso e acaba matando pessoas, o que ele não esperava é que dentre essas pessoas estaria a família de Perseu, que por sua vez, fica sozinho no mundo e acaba sendo acolhido pelos soldados de Argos. E numa celebração contra Zeus, Hades volta novamente dizendo que no eclipse que se aproxima seria libertado o Kraken, a criatura mais temida e que destruiria toda a cidade, e a única maneira de detê-lo era sacrificando a princesa Andrômeda (Alexa Davalos), que a mãe havia comparado sua beleza com a beleza dos deuses. Zeus apoia a fúria de seu irmão e lhe dá poder para tal atitude sem saber o quão mal ele está fazendo para a população de Argos, mas quando descobre, já era tarde demais.

Perseu já sabe sua identidade, um semideus, filho de Zeus, e precisa vingar a morte de sua família adotiva, e mais do que isso, salvar a pele da bela princesa e destruir Hades, então, sem mais nada a perder, começa a liderar uma expedição junto com oito soldados e dois caçadores sedentos por aventura, para tal missão, antes que seja tarde, porém, para isso, ele e seu exército vão ter que lutar com criaturas terríveis, demônios, inclusive lutar contra Medusa, a única chance que eles tinham de matar Kraken, logo que a deusa possui um grande poder de matar alguém somente com um olhar.

A história, lida, é até interessante, todos os elementos fantásticos envolvendo seres mitológicos é tudo encantador, mas na tela, é outra coisa bem diferente. Dirigido por Louis Laterrier, o mesmo de O Incrível Hulk (2008) e Carga Explosiva, que consegue em duas horas destruir todo esse mundo encantador e transformá-lo em algo grotesco e de mal gosto.

A tecnologia 3D vem trazendo ao cinema muito dinheiro, entretanto, destruindo aos poucos a sétima arte, logo que por trás dessa tecnologia, há produções fracas que se resumem ao seu visual, foi assim com Alice no País das Maravilhas e agora com Fúria de Titãs, que nada mais é que visual. Inteligência, criatividade, ousadia, nada de bom se acrescenta nesse longa, onde nem mesmo os efeitos visuais que deveriam ser a melhor coisa do longa são de grande destaque. Ainda assim, são ótimos, entretanto, mal utilizados, as cenas com muita ação e efeitos são de mau gosto, além do fato, dos melhores momentos terem sido expostos logo no trailer, e logo digo, o trailer foi uma grande propaganda enganosa. Mas nem tudo é ótimo, ainda há exemplos negativos do visual, como a Medusa, hiper computadorizada e nada real, e o cenário grotesco dos deuses, onde Zeus sempre aparece como sendo uma luminária, e todos os outros deuses brilhando, além das cadeiras e até o chão iluminam, é de cegar qualquer um, de muito mau gosto também.

A história é ruim, fraca, é a mesma coisa que o filme de 81, e mesmo depois de tantos anos, continua fraca e não são os efeitos visuais que vão melhorá-la. Nada faz muito sentido em Fúria de Titãs. Perseu é patético, nunca sabemos quem ele realmente é ou quem ele deseja ser, uma hora odeia o fato de ser um semideus e deixa claro que não quer usar de seus poderes para salvar Argos, mas de uma cena para outra, ele deixa de ser o garoto mimado e insuportável, para se tornar herói, um herói cheio de clichês e sem nenhuma personalidade. Io, personagem misteriosa, é uma jovem que segue Perseu desde sua infância até a grande aventura, mas nunca fica claro quem ela é, e o que ela faz. Além dos outros coadjuvantes, personagens caricatos e que parecem cópias de tantos outros filmes épicos, soldados engraçados e que fazem piadinha o tempo todo, enfim, horríveis. E para piorar as atuações nada salvam, Sam Worthington, decepcionante, sem expressar qualquer tipo de sentimento. Gemma Arterton numa personagem de destaque, mas não convence, além de todos os outros coadjuvantes. Salva Liam Neeson e Ralph Fiennes, mais uma vez, ótimos.

Ou seja, não perca seu tempo. É ruim, um filme que nada vai acrescentar sua vida. Claro, que se você procura algo que não precise pensar ou raciocinar, pode até ser uma boa escolha, pra quem gosta de muitos efeitos e muita ação. Não recomendo, mas Fúria de Titãs não chega a ser detestável, é até assistível, mas é daqueles filmes que são facilmente esquecidos.

NOTA: 4





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