sábado, 27 de março de 2010

Crítica: Guerra ao Terror (The Hurt Locker, 2008)


O vencedor do Oscar 2010 de Melhor Filme.

por Fernando Labanca

Sobre um assunto batido e ainda querendo humanizar os soldados norte-americanos, o que vem sendo feito em quase todos os outros filmes sobre isso, Guerra ao Terror ainda há seu diferencial, e é neste diferencial que acredito ter recebido o mais importante prêmio do cinema.

Lançado curiosamente primeiro nas locadoras aqui no Brasil, logo que ninguém acreditava no sucesso desse longa, até que alguns críticos começaram a ver e passar a informação da existência dessa obra e chegaram a conclusão de que: "tem coisa boa passando despercebido!". Foi quando resolveram buscá-lo do fundo das prateleiras das locadoras e colocá-lo na lista das premiações como Melhor Filme. E por fim, de injustiçado passou para o topo, o melhor filme de 2009!

O longa nos mostra o fim de uma missão de uma equipe em Bagdá, Iraque. Nesta arriscada missão, três jovens soldados, JT Sanborn (Anthony Mackie), Owen Eldridge (Brian Geraghty) e Matt Thompson (Guy Pearce) e alguns reforços, são enviados aos campos de batalha para reforçarem a segurança dos locais e impedir que algo pior aconteça, a missão deles é encontrar bombas e desativá-las, parece simples, mas é sempre uma questão de vida ou morte, se falharem, não voltam para casa. Até que Matt acaba morrendo em missão e outro sargento é enviado em seu lugar, o melhor que encontraram, o jovem que mais tem habilidade, seu nome era William James (Jeremy Renner), e sua entrada para equipe vai significar grandes mudanças.


Will odeia receber ordens, faz o que tem que fazer, logo que ele sempre sabe o que tem a fazer e o que é o certo a fazer, não demonstra medo e nem insegurança e mesmo trabalhando em equipe, apenas segue suas próprias regras. O que acaba irritando Sanborn, sargento dedicado e sempre seguindo as ordens ao pé da letra. Por outro lado, há Owen, aparentemente o mais jovem, e o mais inseguro, e faltando poucos dias para retornarem para casa, ele acaba refletindo a cada minuto sobre a droga que é a guerra e como suas vidas são vulneráveis num local onde nunca se sabe ao certo o que irá acontecer e se voltarão vivos. Mas Will, mesmo sendo durão, acaba percebendo essa fragilidade que afeta sua equipe, e começa a usar sua coragem para incentivá-los, é quando surge uma inevitável ligação entre eles, uma amizade que serve de apoio para cada um expor seus medos, suas fraquezas.






















Não, não é apenas mais um filme de guerra. Não há batalhas longas e sangrentas. No lugar disso, há o cotidiano, ora monótono, ora ágil, a dura realidade de quem se entrega, que coloca sua vida em jogo para cumprir uma missão. Há tiros, há conflitos, mas tudo na hora certa, no tempo certo, sem apelação. E tudo isso mostrado com extremo realismo, há cenas que duram longos minutos, apenas para vermos o sargento desativando uma bomba, não nos priva de nenhum detalhe, é tudo muito real. Em determinado momento, os soldados começam a trocar tiros no meio do deserto com um inimigo impossível de se ver, mas é mostrado como nunca foi mostrado no cinema, eles erram, não acertam o tiro, há vários outros agravantes simples mas que nunca estão presentes nos filmes de guerra.

Kathryn Bigelow realiza um trabalho fantástico, seu prêmio como Melhor Diretor foi prova disso. Não há como não se espantar com a forma como Guerra ao Terror foi feito, com pouco dinheiro envolvido, a diretora faz tudo tão bem, as movimentações de câmera, os efeitos visuais e principalmente os sonoros. É também espantoso imaginar uma mulher filmando um filme de guerra, e ela faz melhor que muitos homens, aliás, poucos foram capazes de realizar um filme violento com tanta originalidade, inteligência e realismo.



Guerra ao Terror mereceu o prêmio de Melhor Filme, é complicado dizer isso, logo que seus concorrentes eram extremamente bons também, os outros também mereciam o prêmio, Avatar e até mesmo a animação Up deram grandes motivos para vencer também. Mas infelizmente o prêmio é só de um, e porque não Guerra ao Terror? Um filme bem feito, ousado, real, que expõe uma opinião sobre a guerra sem cair no clichê, com personagens bem escritos e verdadeiros, interpretados por três atores competentes: Jeremy Renner, Anthony Mackie e Brian Geraghty, guardem estes nomes!! E esqueçam Guy Pearce, Ralph Fiennes e David Morse, seus nomes aparecem na capa do filme como uma forma desesperada da distribuidora de não conseguir vender o filme, na verdade suas aparições são mínimas.

Assistam, acreditam neste filme, nesta idéia, suas premiações não vieram a toa. Vale a pena arriscar!

NOTA: 8

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