terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Crítica: Zumbilândia (Zombieland, 2009)


Os zumbis atacam novamente os nossos cinemas, mas agora, com um grande diferencial! Além de inserir na trama, comédia, o grande roteiro ainda se permite, mesmo com tanto sangue e pancadaria, ser inteligente e sensível!


por Fernando Labanca

Hollywood não se cansa, eles querem mesmo os zumbis! Filmes como Resident Evil e Madrugada dos Mortos tiveram destaque nos cinemas e agora o mesmo tema volta com outra perspectiva.

Zumbilândia, filme de Ruber Fleischer, conta sobre a praga do século XXI, onde o planeta inteiro foi contaminado por um perigoso vírus que transformou todos (quase todos) os seres humanos em terríveis zumbis, que se arrastam pelas ruas atrás de carne viva! O mundo se torna um verdadeiro caos, não há mais vida, casas foram destruídas. E no meio de tudo isso, há um sobrevivente, Columbus (Jesse Eisenberg), um jovem que mora sózinho, longe da família, que provavelmente virara zumbis, não tem vida social, não namora, não tem amigos próximos, mas quando se vê diante desse desastre, passa a sentir falta de tudo aquilo que nunca teve...vida! Porém, há um grande motivo por ele ainda estar vivo, criou mentalmente regras para não ser pego por zumbis e virar um deles, pratica exercícios físicos para poder correr deles, não entra em banheiros públicos pois é um péssimo lugar para fugir e um ótimo lugar para ser encontrado, sempre olha no banco de trás do carro, para não correr o risco de ser pego de surpresa, entre outras.


Até que Columbus, em busca de sua família, encontra um outro sobrevivente, Tallahassee (Woody Harrelson), porém, um ser bem diferente dele, não cria regras para não ser pego, muito pelo contrário, faz de tudo para encontrar um zumbi e espancá-lo até a morte, e por isso, anda para todos os lados com todos os tipos de armas possíveis. Percebendo que são um dos poucos sobreviventes, se unem, cada um com seu objetivo, Columbus deseja encontrar sua família e Tallahasse um bolinho Twinkie. Eles se tornam os heróis do pedaço, até a chegada de duas damas, que é onde o jogo vira completamente. Wichita (Emma Stone) e Little Rock (Abigail Breslin) são duas irmãs, bem espertas que passam a sacanear com os dois valentões, roubam o carro deles e suas armas, mas logo percebem que estão lutando contra aqueles que estão no mesmo time e que todos deveriam estar do mesmo lado, os zumbis é quem são os inimigos! Wichita tem o plano de levar sua irmã mais nova para um famoso parque de diversões, logo que a pequena aprendeu a ser gente grande muito cedo e diante de tanto sangue e violência, ela pretende resgatar para a irmã, digamos, a infância perdida, a inocência que não vivenciam mais. Columbus começa a se envolver muito com Wichita, porém a jovem se recusa a se envolver profundamente com alguém, logo que a perda é algo constante nessa nova vida e que ninguém é tão confiável assim. E juntos, descobem as fraquezas e angústias de cada um, e mais do que isso, descobrem o que é ter uma família de verdade, logo que se tornam órfãos, órfãos de tudo, e que ser um verdadeiro zumbi é não se deixar envolver com pessoas e não se permitir viver uma vida digna.



Zumbilândia nos remete ao que há de mais trash do cinema, Quentin Tarantino deve ter se sentido grato com esta obra. E mais do que isso, o filme coloca em cena, o que há de melhor no trash, e a fusão de comédia e terror há muito tempo não a faziam com tanta competência. E ainda o filme dá espaço para um pouco de drama, logo que diferente dos outros filmes de zumbis, neste, as personagens não são um mero pano de fundo, não são apenas um pedaço de carne que futuramente seriam as próximas vítimas, são humanos acima de tudo, com falhas, medo e insegurança e diante disso, o roteiro consegue trabalhar muito bem com cada personagem, em cenas delicadas e sensíveis. E é claro, romance não podia ficar de fora. Há uma harmonia fantástica entre terror-comédia-aventura-drama-romance, e este é o grande triunfo de Zumbilândia, por não se permitir escorregar diante de tantas possibilidades, o brilhante roteiro consegue trabalhar perfeitamente todas essas diferenças, construindo um filme original e muito estiloso.

As personagens são um ponto alto na trama, logo, as atuações se superam. Jesse Eisenberg é extremamente divertido, suas expressões, seu jeito de andar e falar são tão cômicos e faz o público rir e se identificar com a personagem facilmente. Woody Harrelson é Woody Harrelson, fantástico, hilário, diverte fácil com seu jeitão valentão e diverte mais ainda com as oscilações de Tallahassee, ora sedento por violência, ora profundamente sensível. Emma Stone é ótima, fez bonito em "Superbad" em 2007 e brilha novamente neste longa. Abigail Breslin, diferente de outros filmes, sua participação é um pouco menor, mas ainda de muita eficiência, sempre carismática e iluminando a cena.


Zumbilândia é daqueles filmes que facilmente conquista o público, por abranger em seu tema, mais do que sangue e boa pancadaria, inteligência também foi colocada em questão, ousando no gênero e incluindo diálogos reflexivos, personagens bem escritos e interpretados, comédia, drama, terror e ação em boa dose e em perfeita harmonia. Todas as cenas são ótimas, até mesmo as mais sangrentas são de extremo bom gosto. Indico para todos os gostos, neste, a diversão, sem sombra de dúvida, é garantida!

NOTA: 9.5

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