domingo, 19 de julho de 2009

Crítica: O Som do Coração (August Rush, 2007)


Simples e encantador, este é O Som do Coração. Filme que conta com um elenco interessante, mas falha no roteiro e se sustenta nas belas cenas e nas belas canções que embalam uma trama fraca, porém de carisma incontestável.


por Fernando

O filme nos mostra a saga de August Rush (Freddie Highmore), um garoto que foge do orfanato para reencontrar sua família, e encontra na música o caminho para achá-los. Ele sabia, aliás, ele sentia, que eles ainda estavam vivos, acreditava que havia um propósito maior para ele estar onde estava, acreditava no amor acima de tudo e sentia que não havia sido abandonado, mas que simplesmente o destino o separou daqueles que o amam de verdade, num mundo onde todos diziam para ele desistir, num mundo guiado pela falta de esperança.

E August Rush tinha razão. Algo no passado aconteceu e precisa ser concertado. Lyla (Keri Russel) é uma jovem que ama música, pratica em seu violoncelo, as mais belas músicas clássicas, seu destino era certo, a música, somente a música. Até que ela conhece Louis Connelly (Jonathan Rhys Meyers), um cantor de rock, com uma banda buscando ser reconhecida. Lyla e Louis se apaixonam de imediato, dois jovens que tinham a música em comum e decidem compartilhar entre si, o amor que um sente pelo outro. No entanto, o relacionamente que parecia perfeito toma caminhos inesperados, Lyla engravida precocemente, para espanto de seu pai que tanto a incentivava e a apoiava na música. Ele a impede de viver com Louis, e num momento de desespero, ela acaba sofrendo um acidente e recebe a notícia de seu próprio pai de que seu filho que nem havia nascido, estava morto.

Lyla, a partir de então, sofre, não tem mais notícias de Louis que desaparece. Ele, por sua vez, sofre por saber que precisam ficar separados, que cada um precisa seguir seu próprio caminho. Ele tenta seguir com sua carreira de cantor, mas seu passado revive em sua mente constantemente, abandona sua carreira e segue outro rumo. E alguns anos depois, ambos, cada um em seu canto, tantam, através da música se reerguerem de alguma forma, esquecendo o passado e tentando viver novamente sob a força que a música tem sobre eles.

August acaba conhecendo nas ruas, Wizard (Robin Williams), um homem que explora crianças para ganhar dinheiro fácil, ele lhes dá abrigo e comida em troca de dinheiro, ao estilo Oliver Twist, e Rush decide ficar com ele, pois vê nele, um amigo, de início, principalmente quando descobre que August sabe tocar violão maravilhosamente bem, isso, claro, depois de alguns breves treinos, mas ele surpreende a todos por aprender tão facilmente e encanta todos ao seu redor, sua facilidade com a música e paixão que ele exprime por tocá-las. Wizard vê no garoto a grande chance de sua vida e aposta tudo nele, o leva nas ruas e faz ele tocar para o público, e juntos começam a ganhar dinheiro. August Rush sabia que a música o levaria até seus pais, os sons emitidos pelo violão fariam com que fosse ouvido por eles e os traria de volta. Mas Wizard não pensa em seus sonhos, só pensa no dinheiro.

No entanto, o garoto prodígio, acaba seguindo um caminho diferente do que Wizard havia proposto, vai para uma igreja onde encontra pessoas cantando, lá ele revela seu grande talento e é onde é descoberto, e todos começam a ajudá-lo, logo que percebem de que se trata de um jovem muito talentoso, ele vai para uma escola superior de música, onde estuda com pessoas bem mais velhas, mas August era especial, isto fica claro, principalmente quando fica encarregado de comandar uma orquestra toda. Pronto, a música o guiou ao topo, e ele acaba se deparando no maior concurso de música. Enquanto isso, Lyla descobre que seu filho não morreu no acidente e ela começa a fazer de tudo para encontrá-lo, e utiliza da música o instrumento para tal objetivo, e se inscreve no maior concurso de música de Nova York.

Pronto, não preciso dizer o que vai ocorrer no final. E este, com certeza, é um grande defeito do filme, ser previsível. Assistimos ao longa, por satisfação própria, não por curiosidade de chegar até o fim, pois desde cedo, já sabemos o que irá acontecer, não exatemente como vai acontecer, mas o destino das personagens é claro desde o princípio. Não havendo surpresas nenhuma para o final, o longa se enfraquece, mas felizmente não cansa o público e nem perde o grande estilo.

O final é simples demais, estando aí o pior defeito do longa. Claro que o final é sempre muito importante, mas o Som do Coração é tão belo, que quando acaba sentimos falta de um final mais intenso e emocionante, assim, como foi o longa inteiro, mas não decepciona por inteiro, logo que vale a pena chegar até o final, assistir a cada cena que nos levou ao último minuto. Pois apesar de muito simples, é encantador, envolve o público facilmente na história desse jovem talento, August Rush, que belíssimamente interpretado por Freddie Highmore, que parece sentir cada palavra que fala, um dos melhores atores de sua idade, perfeito para o papel. Nos encantamos facilmente por sua jornada, e torcemos, por mais que óbvio, para sua felicidade.

Keri Russel, surpreende. E prova nesse filme que entra na lista dos bons atores e atrizes do cinema atual que saíram de séries de TV, em seu caso, Felicity. Ela é adorável, faz de Lyla uma parsonagem inspiradora e emociona o público em sua busca por seu filho. Jonathan Rhys Meyers, sempre ótimo, mas parece que nesse filme ele se identifica bastante, por ter espaço para colocar sua bela voz na maioria das canções do longa, tem uma atuação cativante, mas suas músicas se superam, belas, emocionantes, e entram em cana em momentos importantes no filme. Robin Williams, sempre o mesmo, sempre ótimo, mas sempre o mesmo. Também temos a participação de Terrence Howard, que tem uma atuação eficiente.

Como já foi dito, as músicas são ótimas, e são nelas que o filme se sustenta. Para ser sincero, vale a pena ver o filme, só pelas músicas, mas felizmente o filme tem conteúdo a mais para ser mostrado além das belas canções. Aliás, O Som do Coração marcou sua presença no Oscar este ano, com sua indicação de Melhor Canção original, por Raise It Up, ótima música que toca no momento em que August Rush chega na igreja, onde é descoberto. Bela letra, bela melodia.

A direção de Kirsten Sheridan é boa, faz um singelo e delicado filme, sobre amor e música, traçando a trajetória de grandes personagens, mas é simples demais seu trabalho, fazendo de O Som do Coração, um filme pequeno, de grande encanto e que trás coisas boas para o público, mas não se expande, é limitado, é coeso, breve. É um filme linear, tem seus bons momentos, mas nada que arranque lágrimas de espectador.

É belo, simples, delicado, sutil, mas tem sua eficiência. Existem pensamentos bem intensionados nele, é um filme inocente que não faz mal a ninguém, muito pelo contrário, só trás sentimentos bons e positivos, vale a pena acompanhar essa trajetória, ninguém vai passar a ver o mundo de maneira diferente, nem vai mudar a opinião de ninguém sobre qualquer coisa, mas por alguns minutos, se prenda ao filme, e sentirá apenas coisas boas, aliás um pouco de amor, esperança e música não faz mal a ninguém. Um filme contra indicações.

NOTA: 7

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